"Estou cansado de lavar as calçadas dessa cidade com as minhas lágrimas. De parar em sinais de trânsito e começar a chorar e ter que voltar para casa e a minha mulher me perguntar porque voltei", desabafou o taxista Paulo Roberto, pai do menino João Roberto Soares, morto a tiros por policiais dentro do carro onde estava com a mãe, na Tijuca, Zona Norte do Rio, em 2008.
Nesta quinta-feira (24), começou por volta das 13h, o julgamento de um dos ex-PMs acusado de matar o menino.
"É muito difícil pegar passageiros e passar pelo local onde aconteceu o crime. Aquilo me corta o coração. Eu fico olhando para ver se vejo o meu filho. É coisa de maluco, eu fico sem perna, meus olhos começam a tremer e eu tenho que parar para minha acalmar. Eu sei exatamente o que a minha mulher passou dentro daquele carro. Ela saiu coma boca toda cheia de vidro de tanto gritar que tinha criança ali dentro", desabafou.
Ainda segundo o taxista, a possível punição dos policiais será uma resposta para sociedade.
"Onde esses caras estavam com a cabeça? Isso é loucura, a gente não pode legitimar esse tipo de atitude. Ter uma punição será uma sensação de dever cumprido. Eu acho que quem vai lucrar mais com isso é a sociedade, porque é a maneira de mostrar que não queremos isso. Não é matando as pessoas que se resolve alguma coisa. Muitos acham que bandido bom, é bandido morto. Eu não acho isso, porque foi por esse tipo de pensamento que eu perdi meu filho", contou o taxista.
Paulo Roberto também acrescentou que busca força na mulher para continuar segundo em frente.
"Eu perdio meu filho e numa entrevista falei que não podia ter escolhido uma mulher melhor. A minha mulher é maravilhosa, a minha força vem dela. É difícil continuar, mas eu busco forças em Deus e vou conseguir minha Justiça", concluiu o taxista Paulo Roberto.
Relembre o caso
João Roberto, na época com 3 anos, foi baleado dentro do carro da mãe, na noite do dia 6 de julho de 2008, na Rua General Espírito Santo Cardoso. A advogada Alessandra Amorim Soares voltava para casa com João e o irmão dele Vinícius, então com 9 meses, quando parou seu carro para dar passagem a uma patrulha da PM.
Os policiais disseram, na época, que teriam confundido o carro de Alessandra com o carro de criminosos que estavam perseguindo e atiraram.
Indenização
Em agosto, o Tribunal de Justiça condenou o estado do Rio de Janeiro a pagar indenização de R$ 900 mil por danos morais à família do menino João Roberto. Na época, apesar de caber recurso, o governo anunciou que não ía recorrer da decisão.
A ação tem como autores os pai do menino, o irmão e as avós. De acordo com a sentença, os pais de João Roberto receberão R$ 400 mil cada, o irmão R$ 25 mil, a avó paterna R$ 50 mil e a avó materna R$ 25 mil. A família também será ressarcida das despesas com o funeral e os pais do menino receberão pensão do Estado.
Ação dos policiais causou a morte do menino, diz juíza
"Inegável, na hipótese, que o filho, neto e irmão dos autores faleceu em razão da ação direta dos agentes públicos, policiais militares”, afirmou a juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo, da 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital, na sentença. Para ela, ficou comprovado que a ação dos policiais causou a morte de João Roberto.
A juíza lembrou ainda que as próprias autoridades do Estado, o governador e o secretário de Segurança Pública do Rio, admitiram a culpa dos PMs, chegando a pedir desculpas publicamente. “Evidente o dano moral suportado pelos autores diante da perda brusca e violenta do filho, irmão e neto”, destacou.
De acordo com a Polícia Militar, os policiais estavam numa ocorrência, participando de um cerco na Rua Uruguai. Houve uma sequência de roubos praticados por três ou quatro indivíduos que ocupavam um Fiat Stilo preto. Na fuga, os suspeitos se defrontaram com os PMs na Rua Uruguai.
Três dias após a morte do menino, o governador Sérgio Cabral declarou que os dois policiais militares envolvidos na morte da criança tinham sido expulsos da corporação.
Primeira sentença anulada
Segundo o TJ-RJ, os dois policiais militares acusados da morte de João Roberto respondem à ação penal no 2º Tribunal do Júri da Capital. Em 11 de dezembro de 2008, o primeiro a ser julgado, foi condenado a sete meses de detenção, em regime inicial aberto, pelo crime de lesão corporal leve praticado contra a mãe do menino, ferida por estilhaços do vidro do carro, e de seu outro filho Vinícius, que sofreu lesão no ouvido em decorrência do tiroteio.
Os jurados entenderam que o réu, que é primário e tem bons antecedentes, estava estritamente no cumprimento do seu dever legal. Ainda foi concedido ao PM a suspensão da pena pelo prazo de dois anos e durante um ano ele prestaria serviços à comunidade, sete horas por semana. O Ministério Público recorreu e, em 28 de julho de 2009, a 7ª Câmara Criminal, por maioria dos votos, anulou a sentença e determinou que o acusado fosse levado a novo julgamento pelo Tribunal do Júri, informou o TJ.
O outro denunciado recorreu da sentença de pronúncia. Com isso, o seu processo foi desmembrado.
Nesta quinta-feira (24), começou por volta das 13h, o julgamento de um dos ex-PMs acusado de matar o menino.
"É muito difícil pegar passageiros e passar pelo local onde aconteceu o crime. Aquilo me corta o coração. Eu fico olhando para ver se vejo o meu filho. É coisa de maluco, eu fico sem perna, meus olhos começam a tremer e eu tenho que parar para minha acalmar. Eu sei exatamente o que a minha mulher passou dentro daquele carro. Ela saiu coma boca toda cheia de vidro de tanto gritar que tinha criança ali dentro", desabafou.
Ainda segundo o taxista, a possível punição dos policiais será uma resposta para sociedade.
"Onde esses caras estavam com a cabeça? Isso é loucura, a gente não pode legitimar esse tipo de atitude. Ter uma punição será uma sensação de dever cumprido. Eu acho que quem vai lucrar mais com isso é a sociedade, porque é a maneira de mostrar que não queremos isso. Não é matando as pessoas que se resolve alguma coisa. Muitos acham que bandido bom, é bandido morto. Eu não acho isso, porque foi por esse tipo de pensamento que eu perdi meu filho", contou o taxista.
Paulo Roberto também acrescentou que busca força na mulher para continuar segundo em frente.
"Eu perdio meu filho e numa entrevista falei que não podia ter escolhido uma mulher melhor. A minha mulher é maravilhosa, a minha força vem dela. É difícil continuar, mas eu busco forças em Deus e vou conseguir minha Justiça", concluiu o taxista Paulo Roberto.
Relembre o caso
João Roberto, na época com 3 anos, foi baleado dentro do carro da mãe, na noite do dia 6 de julho de 2008, na Rua General Espírito Santo Cardoso. A advogada Alessandra Amorim Soares voltava para casa com João e o irmão dele Vinícius, então com 9 meses, quando parou seu carro para dar passagem a uma patrulha da PM.
Os policiais disseram, na época, que teriam confundido o carro de Alessandra com o carro de criminosos que estavam perseguindo e atiraram.
Indenização
Em agosto, o Tribunal de Justiça condenou o estado do Rio de Janeiro a pagar indenização de R$ 900 mil por danos morais à família do menino João Roberto. Na época, apesar de caber recurso, o governo anunciou que não ía recorrer da decisão.
A ação tem como autores os pai do menino, o irmão e as avós. De acordo com a sentença, os pais de João Roberto receberão R$ 400 mil cada, o irmão R$ 25 mil, a avó paterna R$ 50 mil e a avó materna R$ 25 mil. A família também será ressarcida das despesas com o funeral e os pais do menino receberão pensão do Estado.
Ação dos policiais causou a morte do menino, diz juíza
"Inegável, na hipótese, que o filho, neto e irmão dos autores faleceu em razão da ação direta dos agentes públicos, policiais militares”, afirmou a juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo, da 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital, na sentença. Para ela, ficou comprovado que a ação dos policiais causou a morte de João Roberto.
A juíza lembrou ainda que as próprias autoridades do Estado, o governador e o secretário de Segurança Pública do Rio, admitiram a culpa dos PMs, chegando a pedir desculpas publicamente. “Evidente o dano moral suportado pelos autores diante da perda brusca e violenta do filho, irmão e neto”, destacou.
De acordo com a Polícia Militar, os policiais estavam numa ocorrência, participando de um cerco na Rua Uruguai. Houve uma sequência de roubos praticados por três ou quatro indivíduos que ocupavam um Fiat Stilo preto. Na fuga, os suspeitos se defrontaram com os PMs na Rua Uruguai.
Três dias após a morte do menino, o governador Sérgio Cabral declarou que os dois policiais militares envolvidos na morte da criança tinham sido expulsos da corporação.
Primeira sentença anulada
Segundo o TJ-RJ, os dois policiais militares acusados da morte de João Roberto respondem à ação penal no 2º Tribunal do Júri da Capital. Em 11 de dezembro de 2008, o primeiro a ser julgado, foi condenado a sete meses de detenção, em regime inicial aberto, pelo crime de lesão corporal leve praticado contra a mãe do menino, ferida por estilhaços do vidro do carro, e de seu outro filho Vinícius, que sofreu lesão no ouvido em decorrência do tiroteio.
Os jurados entenderam que o réu, que é primário e tem bons antecedentes, estava estritamente no cumprimento do seu dever legal. Ainda foi concedido ao PM a suspensão da pena pelo prazo de dois anos e durante um ano ele prestaria serviços à comunidade, sete horas por semana. O Ministério Público recorreu e, em 28 de julho de 2009, a 7ª Câmara Criminal, por maioria dos votos, anulou a sentença e determinou que o acusado fosse levado a novo julgamento pelo Tribunal do Júri, informou o TJ.
O outro denunciado recorreu da sentença de pronúncia. Com isso, o seu processo foi desmembrado.
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