quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Comboio com presos da Rocinha chega a Bangu (Postado por Erick Oliveira)

Os presos na operação policial de combate ao tráfico na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, chegaram ao presídio de Bangu, na Zona Oeste do Rio, na tarde desta quinta-feira (10). Eles deixaram a sede da Polícia Federal em um comboio. Os presos passaram por exame de corpo de delito na sede da PF. Uma unidade móvel do Instituto Médico Legal foi ao local para examinar os presos. Em Bangu, todos desembarcaram do blindado onde estavam e entraram a pé pela porta da Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino.
Mais cedo, o delegado Victor Poubel, da Polícia Federal, confirmou que 15 suspeitos foram presos nas últimas horas, entre eles o traficante Antônio Bonfim Lopes, conhecido como Nem. Outros dois presos são Peixe e Coelho, um dos principais comparsas de Nem.
Segundo Poubel, Nem não reagiu à prisão. "Ele chegou à sede da Polícia Federal aparentemente tranquilo e consciente da prisão dele". Logo após, Nem ligou para a mãe e comunicou que havia sido preso. O traficante ainda fez algumas recomendações. "Ele mandou um recado para os filhos não faltarem às aulas", disse o delegado.
Escutas telefônicas
O delegado Poubel explicou que foram dez dias de trabalho, 24 horas por dia, monitorando a comunidade. Os agentes trabalharam infiltrados. “A Polícia Federal está há cerca de 10 dias, 24 horas no ar trabalhando incansavelmente para tentar prender esses traficantes do Morro da Rocinha. Todo o nosso aparato de inteligência policial, a Delegacia de Entorpecentes, a delegacia do interior, está se revezando nesse trabalho de vigilância, de acompanhamento dessa movimentação dessas quadrilhas com o intuito de prender esse grupo criminoso”.
A ação policial contou ainda com a ajuda de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. “Nós temos esse trabalho com autorização da Justiça, mas o trabalho da Polícia Federal não se restringe a isso. Nós temos informações. Nós ingressamos veladamente na Rocinha. Nós temos nossos policiais, eles acompanham e esse trabalho agora se intensificou em razão dessa notícia que a Rocinha será ocupada. Isso agitou muito os traficantes e eles estavam planejando essa saída para se espalhar pela cidade do Rio de Janeiro", disse o delegado.
Prisão de Nem
O traficante foi preso por volta de meia-noite, na Lagoa, também na Zona Sul, quando tentava fugir escondido no porta-malas de um carro preto.
Homens do Batalhão de Choque faziam revistas nos acessos da comunidade da Rocinha quando o carro foi interceptado. Dois homens estavam no veículo, mas eles se negaram a abrir o porta-malas. Segundo a polícia, os homens se apresentaram como um funcionário do Consulado do Congo e um advogado, e seriam escoltados até uma delegacia.
Mas segundo a polícia, no trajeto para a delegacia, os homens pararam na região da Lagoa.
Propina
Os agentes contaram, ainda, que os homens teriam oferecido propina entre R$ 20 e R$ 30 mil para seguir viagem. Os policiais do Choque não aceitaram o suborno. A Polícia Federal foi chamada e o porta-malas foi arrombado e lá estava Nem.
Mais cedo, a agentes da Polícia Federal prenderam policiais que escoltavam traficantes que fugiam da Rocinha. Eles foram presos na Gávea, próximo à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e também levados para a sede da PF.
Cerca de 80 homens do Batalhão de Choque permanecem nesta manhã nas favelas da Rocinha e do Vidigal, na Zona Sul do Rio. Segundo o tenente Leonardo Novo, da corporação, o cerco é por tempo indeterminado. Moradores e motoristas que passam pelo local são revistados, mas não há presos.
UPP
O Ministério da Defesa vai mandar homens da Marinha e equipamentos militares para a ocupação do morro da Rocinha. Apesar do ministério não confirmar formalmente a participação na operação, o pedido de apoio logístico ao Ministério da Defesa foi feito há cerca de dez dias pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
A previsão é de que a ocupação aconteça nos próximos dias.
A Marinha usará na operação os mesmos blindados utilizados na tomada das comunidades do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, os chamados Clanfs (carros lagartas anfíbios). Os blindados serão operados por fuzileiros navais e também ajudarão no transporte dos policiais militares durante a entrada no morro.

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