A falta de informações é a maior queixa de acompanhantes e pacientes que tinham consultas ambulatoriais marcadas ou que começariam algum tratamento no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (4). Eles contam que começaram a perceber o incêndio que atinge uma ala do hospital por volta das 6h, quando a fumaça chegou ao andar térreo do prédio.
“Todo mundo ficou desesperado quando percebeu a fumaça. Alguma coisa estava acontecendo. Apesar de não tem treinamento em qualquer tipo de salvamento, quando vi muita gente gritando, subi ao segundo andar para ajudar. Vi gente quebrando vidros, pedindo ajuda e muitos funcionários sem saber o que fazer para conter aquele desespero”, contou a bancária Cleide Maceno, que foi ao hospital pedir atendimento domiciliar para a mãe.
A bancária contou ainda que ligou para os bombeiros, mas que o socorro levou pelo menos 20 minutos para chegar ao local, embora haja um quartel a um quarteirão do hospital.
Mulher de um paciente internado, Sheila dos Santos Gonçalves, de 32 anos, estava apreensiva com a falta de informações sobre o marido. Ele foi internado pela segunda vez em uma semana para a realização de uma biópsia. O paciente tem um tumor no mediastino, no tórax. Ela contou que mora em Campo Grande, na Zona Oeste, e estava a caminho do trabalho, na região da Leopoldina, quando foi informada por sua mãe por telefone do incêndio no hospital.
“Essa espera e a falta de notícias são horríveis. É uma sensação de impotência muito grande. Meu marido passou 35 dias internado para uma biopsia, voltou para casa e 21 dias depois teve de retornar ao hospital. Ligaram informando que o material tinha necrosado e que ele precisava fazer uma nova biopsia. Ele está internado há uma semana”, disse a mulher ansiosa com a falta de notícias.
Enquanto trabalham no controle das chamas, bombeiros só permitem a entrada de médicos e técnicos de enfermagem, que possam ajudar na remoção de pacientes dentro da unidade. Funcionários da administração e de outros setores do hospital aguardam do lado de fora do prédio a liberação da entrada.
A residente de enfermagem Sabrina Maria de Brito contou que os pacientes que estavam no CTI, em estado mais grave, no alto do prédio, foram transferidos para uma enfermaria, mas estão recebendo todo atendimento especial da unidade de tratamento intensivo. Já os demais pacientes internados, segundo ela, cerca de 300, seguem internados na parte inferior do prédio. Todos estão recebendo atendimento norma, de acordo com Sabrina.
'O mais difícil foi o resgate', diz supervisora
A supervisora de enfermagem, Bianca Ceciliano, que estava de plantão no Hospital Pedro Ernesto momento de incêndio saiu chorando muito da unidade.
“A gente fica estressado, mas a sensação é de dever cumprido com os pacientes. O mais importante é que conseguimos salvar vidas. Esse choro é de alívio. O mais difícil foi fazer o resgate dos pacientes no meio da fumaça. Estávamos preocupados com os pacientes que precisam de ventilação mecânica. Alguns tiveram de ser transferidos em lençol para outras enfermarias”, disse a supervisora emocionada.
Luíza Marques, que levou o tio José Marques, de 62 anos, para fazer um raio-x e tentar uma internação, contou lembrou o desespero das pessoas na hora do incêndio.
“Estávamos chegando ao hospital, por volta das 6h, quando vimos a fumaça. Meu tio tinha raio-x marcado. Era muita correria, não conseguimos nem chegar ao segundo andar, pois as pessoas desciam desesperadas pela escada. Logo depois avisaram que as consultas estavam suspensas”, disse Luíza.
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