segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Apoiadores se reúnem contra cobrança de ingresso do Parque Lage
   
10/01/2016 17h20
    Rio de janeiro

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil e Rádios EBC

Rio de Janeiro - Grupo de alunos, professores, funcionários, artistas e visitantes se reúnem na EAV (Escola de Artes Visuais), no Parque Lage para discutir o futuro da escola e do parque (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Rio de Janeiro -  Os apoiadores defendem que o governo retome os pagamentos, mas discutem soluções emergenciais para a EAV e o parque, como ajuda da prefeitura Tânia Rêgo/Agência Brasil
Um grupo de alunos, professores, funcionários, artistas e visitantes do Parque Lage, no Rio de Janeiro, se reuniram hoje (10) para pensar soluções e evitar a suspensão de cursos gratuitos da Escola de Artes Visuais (EAV) que funciona no local.  A organização social privada que administra a escola colocou funcionários em aviso-prévio no mês de dezembro, e estuda cobrar entrada para o parque, por causa do atraso nos repasses do governo nos últimos sete meses.
Em uma descontraída ocupação do casarão que é sede da escola e símbolo do parque, aos pés do Corcovado, eles cozinharam, fizeram intervenções e conversaram sobre a possibilidade de a falta de recursos minar um dos principais projetos: os cursos gratuitos de arte contemporânea. Atualmente, 120 bolsistas frequentam o programa da EAV, depois de aprovados em seleção.
Cursos gratuitos
Referência nacional para as artes, os cursos gratuitos são uma forma de tornar a cultura e arte mais acessível. Desde que o programa de bolsas foi criado, professores e alunos reconhecem que o perfil de frequentadores se diversificou. “Esses cursos geram oportunidades para os alunos de fora da zona sul (área mais rica do Rio) e que não teriam condições de pagar. Temos que ampliar esses cursos em vez de reduzi-los”, disse o professor Domingos Guimarães.
Os apoiadores defendem que o governo retome os pagamentos, mas discutem soluções emergenciais para a EAV e o parque, como ajuda da prefeitura, que acaba de municipalizar hospitais estaduais em crise. Nos últimos meses, para arcar com os custos, shows e eventos foram realizados.  A cobrança de ingressos na porta é o que menos agrada.
Frequentadores do parque – que tem parquinho para crianças, gruta e trilhas para o Cristo Redentor, à disposição dos mais aventureiros – também são contra a cobrança. Para as famílias, o ingresso, que pode chegar a R$ 7, somado ao transporte tornaria o programa inacessível.
“A gente já paga as taxas e os impostos. Com o aumento das passagens, que acabaram de subir para R$ 3,80, não vai dar mais para vir“, disse Ilda Regina da Costa, que aproveitava o domingo em um piquenique entre amigos. “Minha família é grande, não tem como pagar esse valor. Eu daria preferência para a Lagoa [Rodrigo de Freitas] ou para Aterro [do Flamengo]”, declarou.
Além de caro, a cobrança de ingresso restringiria os frequentadores que passariam a ser aqueles com mais dinheiro, acrescentou Lourdes Rosa. “O parque é público, precisa ter uma solução que não restrinja a entrada. Poderia se capitalizar com doações privadas, eventos e venda de alimentos”, acredita a professora, que gosta de passar horas lendo no gramado.
Por meio, da assessoria de imprensa, o governo disse que “está sendo estudada uma solução para os repasses”, mas não informou quando regularizará os pagamentos.


Rio de Janeiro - Grupo de alunos, professores, funcionários, artistas e visitantes se reúnem no Parque de Lage para discutir o futuro da Escola de Artes Visuais e do parque (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Edição: Valéria Aguiar
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Gesto de Lula e crise política favorecem Eduardo Paes para o Planalto em 2018

Jornal do Brasil ouviu interlocutores petistas, que confirmaram possibilidade




Não bastasse o fato de que todas as atenções do mundo já estão voltadas para o Rio de Janeiro, que sedia em agosto os Jogos Olímpicos, a conjuntura política é bastante favorável ao prefeito Eduardo Paes (PMDB) para que ele suceda à presidente Dilma Rousseff em 2018. Em conversa com o Jornal do Brasil, interlocutores do Partido dos Trabalhadores admitiram a possibilidade, enumerando algumas razões:
1) A mais urgente dá se em razão de o PMDB fluminense ter sido o responsável por dar fôlego ao governo federal no final de 2015. A recondução do deputado Leonardo Picciani (PMDB) à liderança da bancada na Câmara reacendeu as esperanças do Planalto de derrubar o impeachment na Casa, antes mesmo que o pedido de impedimento chegue ao Senado. A declaração confiante do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, em entrevista à "Folha de S.Paulo" no último domingo (3), corrobora a tese de petistas ouvidos.
Prefeito é favorecido tanto por Jogos Olímpicos quanto por Lula e pela conjuntura política
Prefeito é favorecido tanto por Jogos Olímpicos quanto por Lula e pela conjuntura política
2) Vem partindo do próprio PMDB do Rio de Janeiro a tentativa de enfraquecer o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), maior adversário da presidente Dilma. Nem o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, nem Eduardo Paes têm economizado nas críticas agudas e públicas a Cunha, que sofre, ainda, com o desgaste de sua imagem associada ao processo de cassação no Conselho de Ética, às denúncias no Supremo Tribunal Federal (STF) e à movimentação do próprio partido para derrubá-lo para fazer o mais rápido possível um sucessor. O PT viu com bons olhos a iniciativa peemedebista.
3) A terceira causa, ainda de acordo com lideranças petistas, tem relação direta com a crise política e com a preocupação do PT em ver uma eventual vitória do PSDB em 2018. Nesse sentido, são cada vez mais intensas as conversas entre Eduardo Paes e o ex-presidente Lula. Liderança inquestionável dentro do PT, até mesmo petistas críticos à aliança admitem que Lula tem força para direcionar o apoio do partido ao prefeito do Rio em 2018 para a Presidência da República.
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4) Declarações da presidente Dilma desde 2014, quando esteve em campanha no Rio de Janeiro, demonstram total afinidade com o prefeito da cidade, inclusive como seu possível sucessor no Planalto. Paes vem sendo tratado por Dilma, em eventos públicos, como o prefeito mais apaixonado pela cidade que governa. Vale lembrar que o PT governa a maior capital do país (Fernando Haddad em São Paulo).
5) A figura de Paes é unânime em pelo menos um ponto: diante de denúncias da Lava Jato envolvendo tantos nomes em diferentes partidos e da falta de credibilidade da classe política, não paira, no entanto, nenhuma suspeita ou dúvida sobre Eduardo Paes. Sua candidatura é a chance de o PMDB mostrar ao eleitor o lado menos fisiológico do partido.
6) Eduardo Paes é um político agregador. Vem governando com Pezão e Dilma, e faz questão de aclarar isso para seus interlocutores. Credita o progresso da cidade às alianças suprapartidárias. Essa visão de que o prefeito é uma liderança forte é consenso mesmo dentro do PT.
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7) Como se não bastasse, em entrevista ao "Valor Econômico" publicada em dezembro de 2014, Paes avisa que não vai se aposentar da política no fim do seu mandato e se coloca como "candidato natural" ao governo estadual em 2018. Defende ainda candidatura própria do PMDB à Presidência e cobra da presidente Dilma iniciativa para reunificar o partido na base governista.
Paes costura sua trajetória política com um objetivo bem maior do que o governo do Estado. O que ele realmente quer, como o JB antecipou em editorial publicado no dia 27 de março de 2012, é a presidência da República: "Permanecendo na prefeitura até 2016, com boa aprovação, [Eduardo Paes] sairia como um grande líder para se candidatar futuramente à presidência da República", escreveu o JB.
Tags: eduardo paes, Governo, Lula, planalto, PMDB, presidência, PT, república